As 7 vidas de Sánchez e a resistência da esquerda

Numas eleições atípicas, mas necessárias para a estabilidade política e governativa do país vizinho, quase todas as sondagens declaravam uma vitória inequívoca do Partido Popular, liderado por Alberto Núñez Feijóo, prevendo a eleição de 147-153 deputados. 

Contudo, há algo que podemos retirar destas eleições. Não há vencedores declarados antes de qualquer eleição, nem mortes políticas anunciadas. E foi isso mesmo que ocorreu. O vencedor das eleições espanholas, o PP, acabou por ter uma amarga vitória, frente a um PSOE de Pedro Sánchez que rejuvenesceu desde as eleições municipais e autonómicas do passado dia 28 de maio, alcançando nestas eleições não só um resultado melhor, como também um aumento, tanto em número de votos e de deputados, assim como em termos percentuais. 

A excelente capacidade de mobilização do eleitorado de esquerda, que deu um bom resultado eleitoral ao PSOE e à plataforma Sumar, da vice-presidente do governo espanhol Yolanda Díaz, e a queda da extrema-direita, foram dois aspetos positivos da noite eleitoral espanhola. O eleitorado espanhol foi bem claro nestas eleições. Não quer um Governo com a presença de membros da extrema-direita. Nem um governo que retroceda 20 anos e que ponha fim a todas as medidas e  avanços sociais levados a cabo pelo Governo de Pedro Sánchez durante os últimos 4 anos. O desejo da sociedade espanhola é ter um governo progressista, tolerante, com boas políticas públicas e que principalmente governe para as pessoas, numa Espanha livre, democrática, cosmopolita e europeísta. 

Os próximos tempos não serão fáceis, existindo dois cenários possíveis: ou um governo de coligação entre o PSOE e o Sumar, ou eleições antecipadas. 

Cabe ao PSOE, que atualmente exerce funções governativas, e por ser o partido que há mais tempo está na liderança dos destinos de Espanha, liderar esse diálogo com os demais partidos à sua esquerda, para que juntos encontrem uma solução de governo credível e que dê respostas às necessidades e aos anseios da sociedade espanhola, sem ter que os obrigar a ir a mais umas eleições antecipadas.

Ricardo Martins

Ricardo Martins

Presidente da JS Santiago do Cacém