Desde 1995 que a Juventude Socialista tem estado no epicentro de causas que ressoam através das gerações. Convictos nas nossas ideias, afirmativos nas nossas lutas, e determinados em firmar as nossas conquistas, geração em geração. Hoje, erguemo-nos diante de uma batalha que transcende os desafios que conhecemos: crise climática e a luta pelo planeta. Não há mais espaço nem tempo a perder, esta é a nossa casa comum e temos o dever de dizer presente na luta climática.
A irreverência e a genuína mobilização de uma geração de jovens empenhada na incansável luta pelo clima, impele-nos a agir, a agir pelos jovens; a agir pelo clima; a agir pelo planeta. Fazemos parte desta voz comum. Enfrentar a luta das nossas vidas requer um novo paradigma e uma ousadia sem precedentes. E como pode não ser assim, se enfrentamos um desafio de sobrevivência?
A consciência desperta de uma geração de jovens preocupados e que reconhecem a urgência do momento, exige à JS, enquanto uma estrutura ecologista, progressista e de esquerda, que ergamos a nossa voz rejeitando mitos e negacionismos que resistem à mudança, mas também rejeitando inércia daqueles que assistem derrotados ou ignorando a crise em que vivemos.
Em 2018, o relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) advertia que a atividade humana elevou a temperatura média da atmosfera em cerca de 1°C desde a era pré-industrial. Em 2022, este valor alcançou os 1,1°C. No mesmo ano, Portugal enfrentou uma verdadeira prova de fogo: a temperatura média máxima do ar subiu a patamares nunca vistos. Já este ano, 2023, o mês de julho foi o mais quente alguma vez registado na Terra, segundo dados do Copernicus. O calor escaldante não é um mero inconveniente: é uma chaga que exige resposta para manter o aumento da temperatura global abaixo do limite crítico de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris.
As alterações climáticas vão agravar-se e serão também agravadas por um problema que não podemos ignorar – as ilhas de calor – fenómeno urbano em que uma área densamente povoada e urbanizada tende a apresentar temperaturas muito mais elevadas do que aquilo que seria desejado, tendo como resultado graves consequências na vida das pessoas e no clima.
Esse aumento de temperatura é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a concentração de edifícios, asfalto e outras superfícies impermeáveis, bem como a redução da vegetação. O consequente aumento do uso de ar-condicionado e outros sistemas de refrigeração não está apenas a arrefecer contas bancárias – está a aquecer o planeta.
A saúde pública também sofre com as alterações climáticas. Estes eventos extremos batem recordes em termos de riscos de doenças relacionadas com o calor, inclusive podem levar à morte. Um estudo de janeiro deste ano levado a cabo pelo Instituto de Barcelona para a Saúde Global conta-nos que um terço das mortes prematuras nas cidades, causadas pelas temperaturas altas do verão, podem ser evitadas com um simples ato – plantar árvores.
Economicamente, os impactos são visíveis, nomeadamente com os custos energéticos cada vez mais pesados, comprometendo orçamentos familiares e o desempenho das empresas.
No combate às alterações climáticas, torna-se evidente e imperativo a implementação de políticas eficazes para combater os efeitos das ilhas de calor. A utilização de coberturas verdes e pavimentos permeáveis, juntamente com investimento em soluções de base natural e infraestruturas verdes nas áreas urbanas, surgem como uma necessidade premente. Além disso, é fundamental priorizar o estímulo à mobilidade suave, que pode ser alcançado através do reforço de Zonas de Emissões Reduzidas (ZER), bem como da expansão das redes de ciclovia e vias pedonais. Estas ações visam transformar essas vias em verdadeiras artérias das cidades em processo de metamorfose. Desta forma, garantir a robustez dos transportes públicos apresenta-se como uma das melhores ferramentas na promoção da mobilidade suave, por isso, o caminho pela gratuidade dos transportes públicos para os jovens é justo, urgente e necessário.
Sabemos que a nossa herança ideológica não nos permite ser meros espectadores: somos convocados a ser agentes da mudança, imbuídos de uma determinação e convicção que ecoam na nossa matriz socialista de que a justiça climática é justiça social.
Sofia Pereira
Membro do Secretariado Nacional